Promada Sinistra #2
Não é mentira, senhoras e senhores, o segundo avião atingiu o blog. Eu, Terry Funk da OGPW, estou de volta para fazer comentários sobre comentários e fingir que sei do que estou falando. Dessa vez, o card que inspira essa edição do quadro é o do show semanal de número 6 da ROH e é a partir desse ponto que eu começo a análise de hoje.
Geralmente há uma grande diferença entre promar em um PPV e promar em um show semanal. Embora o processo seja o mesmo, o prazo para comentário seja o mesmo, existem fatores por trás da escrita que diferem bastante. Em um PPV, na maioria dos casos, você está lidando com o ponto alto de uma rivalidade, o que significa que a história entre o seu personagem e o do seu oponente já foi desenvolvida até certo ponto; isso facilita na hora de criar os seus argumentos. Um show semanal, por outro lado, é onde rivalidades se iniciam, combates aparentemente aleatórios são marcados, então você se vê em situações em que precisa escrever sobre alguém que jamais viu e que não tem história alguma com o seu lutador. A questão que fica é... como promar contra um otário que eu não conheço?
Com base em alguns trechos dos comentários da KMZK (Adrian Peppel e Timothy Tatcher) na luta contra os Death Row Ryders, vou falar um pouco sobre o que eles fizeram quando se encontraram nessa situação e o que de mais poderia ter sido feito.
Bom, a princípio, creio que existam duas formas mais óbvias de atacar a promo nesse contexto. Você pode, é claro, pesquisar sobre o seu oponente, seja revendo os shows anteriores e/ou lendo comentários feitos por ele ou você pode tentar simplesmente vender o seu peixe melhor do que o oponente, colocando-se no centro das suas argumentações, o que não requer que você saiba muito sobre o seu adversário.
Em um caso como esse, que trata-se de uma Tag Team Match, você pode falar, se for o caso, do porquê a dinâmica entre você e o seu parceiro ser tão boa, dos efeitos positivos que essa relação teve ao longo das suas carreiras etc. Quando eu digo “vender o seu peixe melhor do que o oponente”, não estou falando sobre se elogiar no curso de 4096 caracteres. Estou falando sobre, ao invés de usar a história do seu oponente contra ele, utilizar a sua história ao seu favor o máximo possível, e deixo aqui exemplos da KMZK fazendo a boa com essa estratégia:
Adrian Peppel: […] E isso significa horas e horas de treinamento árduo, aprendendo técnicas como Wrist Locks e Boston Crabs com o Thatcher. Ele e o Danielson são os mestres que me guiam, e é graças a eles que me tornei quem sou hoje.
Timothy Thatcher: A essa altura eu não preciso me repetir dizendo o que é preciso para se alcançar isso, você já deveria saber, Adrian Peppel aprendeu de perto e esta colhendo os frutos, deixando de ser um Rookie para se tornar um homem e principalmente um guerreiro quando pisa no ringue.
Dentro da KMKZ nós estabelecemos uma mentalidade, uma cultura, algo que não é facilmente replicado e isso se mostrará verdade quando encararmos os Death Row Ryders.
Apesar de eu acreditar que uma boa promo possa ser concisa e curta, fiquei com a impressão de que a KMZK pecou pela falta nesse card. Ambos flertaram com esse caminho que citei anteriormente de tentar elevar a própria dupla ao patamar superior, mas na minha opinião não se deram ao trabalho de ir mais a fundo com os seus argumentos. Em diferentes momentos, percebi que eles tentaram também a outra via e pesquisaram um pouco sobre os Death Row Ryders, contudo não exploraram aquilo que viram nos shows tanto quanto podiam. Mais efetivo que mencionar um fato ocorrido na história dos seus adversários é especular em cima do porquê disso ter acontecido e moldar o seu ângulo de forma a melhor servir à sua ideia principal.
Adrian Peppel: Eu nunca nem ouvi falar do Moose e Shelton "X" Benjamin até esses dias, parece que eles se viraram contra o moleque do Lee Moriarty e de peito aberto vem desafiando eu e Thatcher.
Timothy Tatcher: A instabilidade entre eles é evidente, e na menor das inconveniências não tiveram problemas de despachar Lee Moriarty por Moose, eles se atacam para resolver os problemas que eles criam, enquanto do lado de cá nós lutamos para elevar uns aos outros.
Pra finalizar, pontuo que tanto Tatcher quanto Peppel tiveram boas ideias que poderiam ter sido melhor desenvolvidas. Meu conselho é que, se você vai optar por algo conciso, apegue-se a um único argumento de início ao fim e não tente passar por várias coisas, se não correrá o risco de ficar em um nível mais raso com todas elas.
Enfim, por hoje é isso. Espero voltar semana que vem com a notícia de que esse quadro foi monetizado, então leia enquanto pode e compartilhe com o seu amiguinho que está se alfabetizando nos fakes. Até a próxima!
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